08 setembro 2009

Porquê tantas mulheres que desejam parto normal acabam em cesareana?

"Mulheres medicalizadas. Por que tantas mulheres que buscam ativamente o parto natural acabam em cesáreas?

Adriana Tanese Nogueira

A person has to awaken to wonder- and so perhaps do peoples.Science is a way of sending him to sleep again. Ludwig Wittgenstein

Esta é uma pergunta que ninguém me fez, mas muitos se fazem. É um questionamento legítimo e necessário, dada a frequência com que se fazem cesáreas entre as que mais querem o parto natural, possivelmente domiciliar. Estou pensando nas militantes ativas, informadas e “empoderadas”.

Alguém tem uma resposta para isso? Sei, existem várias “razões” médicas, mas, um vez que todo mundo está careca de ouvir e de repetir que o parto não é um evento médico, poderíamos começar a de fato a raciocinar sobre ele em termos humanos? Humano aqui é psicológico-existencial-filosófico, porque ninguém existe sem isso. Estou falando do que se refere à dimensão comum, universal e íntima de cada um de nós, de qualquer cor, sexo e opções de parto.

Voltando: podemos pensar no que, humanamente falando, leva um parto a se transformar no contrário daquilo que sua “dona” quer? Por que há partos (e bebês!) que decepcionam tão amargamente as mulheres informadras, ativistas e “empoderadas”?

A resposta é muito simples: porque essas mulheres se “medicalizaram” a tal ponto que continuam tão perdidas em relação à capacitação a parir quanto suas irmãs que escolhem a cesárea. A miiltância feminina da humanização do parto comete o erro – normal nos estágios iniciais do “despertar” – de permanecer dentro do mesmo paradigma contra o qual luta. Pessoalmente, assisti ao alvorecer dessa mentalidade, ao seu florescimento e espraiamento. Agora todos podemos ver seus frutos.

Ao querer retirar o médico do controle do parto (correto), elas tendem a assumir o lugar do próprio (errado). Bombardeando seu néo-córtex de informações científicas (as famosas Evidências Científicas), elas acabam, a despeito de suas melhores intenções, com o mesmo vício profissional de todos os profissionais (medo, insegurança, e a sutil desconfortável sensação de que nunca se sabe tudo). Com o agravante que elas têm a pele fina e o estômago delicado de uma novada, que, ainda por cima, está lidando com seu próprio corpo e a vida de seu próprio filho. Saber demais significa ficar pregadas na cruz entre a “clareza evidente da ciência” e as angústias caladas da mulher e mãe que vai passar por um rito de iniciação que desconhece por definição (cada parto é irrepetível). Elas recalcam ainda mais a espontaneidade, simplicidade e fé que no parto são mais importantes do que todos os volumes de obstetrícias e as conversas “empoderadoras” do mundo. (...)"

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