16 maio 2009

A melhor mãe do teu bebé és tu

Ser mãe não é nada fácil.
Ser pai também não deve ser, mas sobre isso já não posso falar na 1ª pessoa.
Repito, ser mãe não é nada fácil. Os bebés sempre me acharam piada, eu julgava que era por acharem piada aos meus cabelos, longos e despenteados. Quando pari percebi que não era bem isso, os bebés olham para mim e reconhecem as suas próprias mães no 1º instante em que as conheceram, de olhos brilhantes e o cabelo em desalinho :).
Fora de brincadeiras, estava no outro dia em conversa com uma jovem e recente mãe que me dizia que nunca niguém lhe tinha dito que os primeiros tempos a seguir ao parto eram assim. Que até já tinha acompanhado algumas mulheres e seus bebés e nunca tinha percebido o turbilhão do pós-parto.
O pós-parto é um periodo lindo, o culminar de uma gravidez que se espera tenha sido muito feliz, e o acolher de um bebé maravilhoso. Mas não é um periodo cor-de-rosa, a não ser alguns anos mais tarde quando olhamos para trás com saudade.
Parece blasfémia dizer isto, parece que somos mães terríveis por dizer isto, parece que não amamos os nossos filhos o suficiente, parece tanta coisa e todas elas pesam cada vez mais nas nossas consciências.
Ninguém diz que se sentiu triste sem saber bem porquê...
Ninguém diz que duvidou vezes sem conta se seria capaz de tomar conta daquela dádiva maravilhosa acabada de entrar na sua vida...
Ninguém diz que se sentia tão cansada que não conseguia tomar conta de si, quanto mais de um bebé.
Ninguém diz que muitas vezes lhe apeteceu fugir e ter 5 minutos para si, e só para si.
Ninguém diz que precisou de colo...e de mimos...e de atenção...e de amor...tanto como o seu filhote.
Só nos falam de como tudo foi maravilhoso, feliz e mágico e ainda dão umas dicas e opiniões com tais certezas que até parece que se convencem que podiam ser melhores mães dos nossos filhos que nós. Mas não duvidem nem por um segundo, os melhores pais para os vossos filhos são vocês.
A segurança com que vos falam é só aparente, quando passaram por isso estavam tão desnorteados como vós, tinham tantas dúvidas como qualquer um.
A responsabilidade de tomar conta deste novo ser é realmente uma grande mudança na vida, até agora só tínhamos de tomar decisões por nós, e arcar com as consequências dessas decisões. Agora este bebé depende de nós para tomarmos conta dele, e é difícil para nós a constante incerteza de tomarmos a decisão mais acertada para aquele pequeno ser. A insegurança instala-se e parece que nem o instinto de mãe nem o 6º sentido feminino nos vale.
Se me permitem dar uma dica;)... ter calma é o essencial. As vossas opções podem ser diferentes de quem vos rodeia, mas o vosso bebé também é único. Ouçam as vossas mães, tias e avós apenas Q.B. e aprendam o que de melhor tiverem para vos ensinar, de resto façam o que sentirem que é melhor para os vossos filhotes e confiem no vosso instinto. Confiem nos vossos filhotes, eles sabem sem sombra de dúvida o que é melhor para si mesmos. E tenham fé, quando sentirem uma pontinha de desespero, acreditem que é só uma fase, e as fases dos bebés duram apenas uns dias, sem darem por ela vão sentir-se cada vez mais confiantes e serenas.
Mãe há só uma, e és tu :).

06 maio 2009

O que é afinal Humanização?

Na Grande Reportagem "9 Meses Depois" apresentada pela SIC vimos e ouvimos uma senhora defender que não lhe agradava o termo humanização, simplesmente porque naquele serviço não ajudavam a nascer macacos mas humanos. Bastará a presença de seres humanos para considerarmos este serviço hospitalar um serviço humanizado? Esta senhora disse outra coisa curiosa, que só podia respeitar a mulher até certo ponto, e aqui deixei de ter qualquer dúvida que esta senhora primeiro não faz ideia do que significa o termo HUMANIZAÇÃO, e segundo é péssima no uso do português falado.

Quando se diz que só podemos respeitar a mulher até certo ponto percebemos imediatamente que esse serviço hospitalar está longe de ser humanizado. É sempre possível, e imperativo, que se respeite a mulher em trabalho de parto(e já agora todos os utentes dos nossos serviços hospitalares). E respeitá-la é tão simples quanto informá-la dos procedimentos que se estão a realizar, deixá-la ser acompanhada por quem ela desejar, apresentar-se e pedir permissão para se fazer um toque vaginal, resguardá-la de "mirones" como a senhora da limpeza e outros profissionais curiosos, etc., etc., e muitos etcs. mais. Ou seja, regras básicas da boa educação...

Mas Humanização do Parto é muito mais do que isso. Humanização do Parto é entender o papel de protagonista da Mulher. Entender que quem pare é a Mulher e não a equipa hospitalar. Que Ela é responsável pelo seu corpo, pelas suas opções, e sabe sem sombra de dúvidas o que é melhor para si e para o seu bebé nesse momento, em vez de a tratar como uma tontinha idiota e inconsequente. Perceber que todos os aparelhos, maquinetas, tecnologias não serão nunca tão perfeitos quanto o corpo feminino para parir uma criança.





“When I use a word”, Humpty Dumpty said, in rather a scornful tone, “it means just what I choose it to mean- neither more nor less” (CARROLL, 1960: 188)

Para o dicionário, humanização é o ato de humanizar, que por sua vez significa:

1. Tornar humano; dar condição humana a; humanar.

2. Tornar benévolo, afável, tratável; humanar.

3. Fazer adquirir hábitos sociais polidos; civilizar.

4. Bras., CE. Amansar (animais).

5. Tornar-se humano; humanar-se.


Esta primeira consulta semântica leva-nos à pergunta: o quê é o humano? Será que podemos neste começo de século assumir que é humano o que é afável, benévolo, como diz o Aurélio? Ou o que é manso? Ou que ainda precisaríamos civilizar-nos? (...)

Quem pretende explicar a existência de hospitais como uma organização destinada a tratar do corpo biológico se equivoca, cometendo uma redução. Ainda que nos hospitais prime uma ênfase nos processo curativos que operam sobre o corpo (biológico), eles mantêm sua condição de produto social, e de espaço de trocas inter-subjetivas. Trocas que acontecem sobre os corpos, nos corpos e além dos corpos biológicos. O sujeito está numa mesa cirúrgica, anestesiado: ele está nesse momento reduzido ao grau máximo de coisificação, de corpo biológico puro. Contudo não foi assim dez minutos antes, nem o será dez minutos depois da operação. Nem estão reduzidos ao nível de máquinas os outros humanos que ali estão trabalhando. Alguém já se imaginou sendo operado por um cirurgião que na noite anterior teve uma terrível briga com a amante? Neste momento deve haver 500 cirurgias acontecendo nessas circunstâncias... A enfermeira diluindo potássio enquanto pensa no filho doente... Essas coisas acontecem o tempo todo! (...)

Mas será que o homem pode projetar-se a si mesmo como seu próprio eidos (ideal), já que é evidente que o homem não dispõe de si mesmo como o artesão dispõe da matéria com a qual trabalha? O conceito de phronesis (prudencia) é então analisado, sendo distinguido do de tekne. Uma tekne se aprende e pode se esquecer, mas na aplicação (das leis por exemplo) Aristóteles não fala de tekne e sim de phronesis.(...)

Dada uma tekne(técnica), é preciso aprendê-la e com isso saber-se-á escolher os meios idôneos, o saber ético requer, sempre, buscar conselho consigo próprio. Portanto, para esse autor(Gadamer, 1997), é falso que com a expansão do saber técnico poder-se-ia prescindir do saber ético.(...)"
Ler também "Humanização do Parto: Qual o Verdadeiro Significado?" por Ricardo Herbert Jones

05 maio 2009

Amamentação exclusiva até aos 6 meses

Porquê?
Porquê amamentar exclusivamente até aos 6 meses?

A resposta imediata é muitas vezes...Porque são as indicações da OMS(Organização Mundial de Saúde). Sim...mas PORQUÊ?

Aqui ficam as principais vantagens de amamentar exclusivamente os nossos bebés :)

  • Porque confere ao bebé uma maior protecção contra a doença.

Apesar do bebé continuar a receber imunidade enquanto estiver a ser amamentado, esta imunidade é muito maior se o bebé estiver a ser alimentado exclusivamente com leite da mãe. O leite materno contém mais de 50 factores de imunidade, e provavelmente mais que ainda continuam desconhecidos.

  • 6 meses de amamentação dão tempo ao sistema digestivo do bebé para amadurecer completamente

Se a introdução de alimentos sólidos começar antes do sistema digestivo do bebé estar totalmente desenvolvido, estes alimentos serão mal digeridos o que pode causar reacções desagradáveis (problemas digestivos, gases, obstipação, etc.).




  • Amamentação exclusiva até aos 6 meses diminui os riscos de reacções alérgicas

Está bem documentado que o aleitamento exclusivo materno prolongado resulta numa menor incidência de alergias alimentares. Desde o nascimento até algures entre os 4 e 6 meses de idade, os bebés possuem o que é muitas vezes referido como "open gut". Isto significa que os espaços entre as células do intestino delgado irão permitir facilmente a passagem de macromoléculas intactas, incluindo todas as proteínas e agentes patogénicos, directamente para a corrente sanguínea. Isto é óptimo para o bebé amamentado, pois assim permite a passagem directa dos anticorpos presentes no leite materno para a corrente sanguínea do bebé, mas também significa que as grandes proteínas de outros alimentos (que pode predispor o bebé a alergias) e patógenos causadores de doenças podem passar também. O bebé começa a produzir os anticorpos por volta dos 6 meses, altura que o espaço intracelular também já deverá estar "fechado".

  • A introdução de alimentos apenas aos 6 meses protege o bebé de eventuais deficiências em ferro

A introdução de suplementos de ferro e alimentos fortificados com ferro, especialmente durante os primeiros seis meses, reduz a eficiência de absorção de ferro pelo bebê.

  • A amamentação exclusiva até aos 6 meses protege o bebé de futuros problemas de obesidade

A introdução precoce de sólidos está associada ao aumento da gordura corporal e peso na infância.

  • A amamentação exclusiva ajuda a manter a produção de leite materno

  • A amamentação exclusiva aumenta o periodo de amenorreia

A amamentação é mais eficaz na prevenção da gravidez quando o bebé é amamentado exclusivamente e todas as suas necessidades nutricionais e de sucção estão satisfeitos com o peito. Ter atenção que apesar de se amamentar exclusivamente a amenorreia pode não se manter caso o intervalo entre mamdas seja muito longo (como por exemplo de noite, ou no caso de não se amamentar em livre demanda).

  • Atrasar a introdução de alimentos sólidos torna a tarefa mais fácil

Os bebés que começam mais tarde a comer alimentos sólidos podem alimentar-se a si próprios e não são tão susceptíveis de ter reacções alérgicas aos alimentos.

Traduzido de "Why delay solids?" http://www.kellymom.com/

Aconselho vivamente a consulta do documento original, tem todas as referências bibliográficas e links interessantes sobre o tema.

"Maternity" Pablo Picasso

NOTA- Amamentação exclusiva quer dizer que o bebé está a ser alimentado EXCLUSIVAMENTE com leite materno. Segundo a OMS isto deve acontecer até aos 6 meses de idade do bebé.

"9 Meses Depois" Grande Reportagem SIC